A algum tempo atrás eu fui convidado para participar de uma noite de oração com um grupo de jovens de uma determinada igreja. Devo confessar que não sou muito fã de alguns tipos de oração em grupo. Não que eu não goste de orar em grupo. Na verdade quase que semanalmente eu me reuno com algumas pessoas para compartilharmos o que Deus tem feito e falado nas nossas vidas e nessas reuniões tiramos um bom tempo só para orarmos. Mas prefiro fazer isso com pessoas que eu já tenho uma boa afinidade, pois desta maneira é quase nula a possibilidade de eu ser surpreendido por alguma bizarrice "espiritual demais", tipo: mato pegando fogo, exclamações do tipo "ESTOU VENDO UM ANJO ALI!!!", pessoas rodopiando no chão, urros, gritos, mais barulho que oração, etc. Contudo, como eu conheço a denominação que me convidou e sabia que o nível de bizarrices provavelmente seria bem reduzido eu acabei concordando de participar.

Depois de uma boa viagem de carro e uma longa e demorada escalada noturna a um monte (sim, um monte... eu realmente não entendo a gana que alguns tem por orar em montes e montanhas, mas deixarei esses comentários para outra ocasião) finalmente chegamos ao lugar determinado para orarmos. Sinceramente falando não rolou nada de novo nem nada que eu já não tivesse observado em outras reuniões de oração em grupo. Assim que chegamos algumas pessoas se separaram, cada um ficando no seu canto para orar sozinho. Depois de um tempo o grupo se reuniu para orarem por alguns propósitos específicos (sempre aparecia um porta-voz que recebia uma direção de Deus para orar por uma determinada causa). Nisto tinha uma roda formada onde uma pessoa ia até o centro e começava a orar para que os outros concordassem com a oração dela. Mas, infelizmente os que estavam ao redor não ficavam apenas concordando. Ficavam orando tão ou mais alto do que a pessoa que estava ao centro que mal era possível saber qual era o assunto principal da oração.

Não sou nenhum expert em orações. Muito pelo contrário. Eu oro muito menos do que eu gostaria de orar e, com certeza, tendo em vista a atual situação da Igreja e do mundo, oro muito menos ainda do que Deus gostaria que eu orasse. Porém, têm algumas coisas que acho meio óbvias sobre o que deve ou que não deve acontecer em uma oração coletiva, e é isso que eu gostaria de brevemente expor aqui.

Primeiramente gostaria de dizer que eu não vejo propósito nenhum quando, em um momento de oração em grupo, as pessoas se espalham, cada um para o seu canto, e ficam orando individualmente. Se for fazer isso então por que marcar com um grupo de pessoas para orarem com você? Ore na sua casa, no seu quarto, no seu aposento, sei lá. Não há a menor necessidade de chamar mais pessoas para fazer parte da sua oração individual. O grande lance da oração coletiva é justamente termos comunhão com Deus e com as outras pessoas para, desta maneira, aprendermos a pensar no coletivo e tirar os olhos dos nossos pedidos egocêntricos. Se cremos que o mesmo Espírito que habita em mim habita no irmão que está me acompanhando em oração então devo crer também que é este Espírito que apontará a direção que deve ser tomada na oração. Por isso, creio que dificilmente o Espírito guiará as nossas orações em direção a nós mesmos, como indivíduos. O foco quase sempre será visando o coletivo, o Corpo, as necessidades da Igreja e do mundo, não as minhas. Deixemos o nosso foco no coletivo. E se alguém tem alguma necessidade mais individual, e isso todos nós temos, deixe para orar em sua própria casa e sozinho ou compartilhe com os irmãos que estão orando junto com você. Evite ao máximo se afastar dos irmãos para fazer orações individuais quando o foco é orar em grupo.

Ainda levando em consideração o fato de que o mesmo Espírito que habita em nós é quem deve apontar para qual direção a oração deve fluir, então se torna extremamente necessário que aprendamos a ouví-Lo. É nas horas que começa uma reunião de oração ou uma vigília que eu percebo que o conselho de Tiago para que todo homem esteja pronto para ouvir mas tardio para falar (Tg 1: 19) não é levado muito a sério por nós. Quando começa uma reunião de oração garanto que não da nem 30 segundos para que os irmãos mais pentecostais levantem a voz e comecem a clamar e orar em alto e bom som. Estamos muito mal acostumados com o fato que o Espírito Santo tem poder para guiar as nossas orações. Não damos um tempo em silêncio para, primeiro, esvaziarmos as nossas mentes das nossas preocupações e, segundo, para ouvirmos o que Deus quer que seja orado. Acabamos orando aquilo que está em nosso coração, sem nos importarmos com o que está no coração de Deus. Algumas vezes acontece de um irmão ou outro propor um motivo específico para a oração. Contudo, na maioria das vezes é possível notar que o pedido de um irmão não tem nada a ver com o de outro, e assim sucessivamente. Ou seja, a impressão que fica é que se esta direção veio realmente de Deus então Ele está meio confuso e não sabe exatamente sobre o que nós devemos orar. As orações não se conectam, não se encaixam e não se complementam simplesmente porque não ouvimos Deus! Vários são os exemplos bíblicos que mostram que em momentos de crise Deus procura o homem para expor seus sentimentos. Basta uma boa analisada nos livros proféticos para vermos Deus revelando o seu coração a pessoas específicas. Mas hoje parece que pouco nos importamos com isso. Acredito que nenhuma reunião de oração deveria começar sem antes estarmos em silêncio e permanecermos assim até que nossa mente se aquiete das preocupações, nossos corações se acalmem para que, finalmente, nós possamos ouvir de Deus sobre os anseios dEle e não os nossos.

Só mais uma coisa para finalizar. Os dois problemas que eu relatei acima (orações individuais e a ausência do silêncio para ouvir Deus) são coisas que acontecem porque a maioria de nós não estamos acostumados com isso. É por falta de prática que muitas vezes não fazemos dessas coisas um costume nas nossas reuniões de oração. Mas tem um problema que eu vejo em algumas reuniões que eu não classifico como falta de costume, mas sim como falta de bom senso e de respeito mesmo. Não consigo classificar como outra coisa o fato de alguém levantar a voz para orar e as outras pessoas, ao invés de prestarem atenção no que está sendo orado, preferem ficar gritando, berrando ou falando em línguas a tal ponto que fica impossível ouvir o que o outro está orando. Esta é a junção dos dois problemas que relatei anteriormente. Deus pode muito bem usar a oração de alguém para falar com o seu povo, mas somos tão individualistas e nos preocupamos tanto com nós mesmos que muitas vezes não demonstramos nem um pingo de atenção a oração dos nossos irmãos. Não estou dizendo que você deve ficar mudo. Você pode muito bem estar em concordância com a oração do seu irmão. Mas para isso é necessário ouvir a oração dele. Por isso, amados, tenhamos um pouco mais de bom senso para que as nossas reuniões de oração sejam prazerosas e agradáveis, não um show de horror, bizarrices e falta de respeito.

Pensem nisso.


Autor: Claudio Neto


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