Certa vez passei algum tempo com cerca de vinte irmãos num local onde, não havendo recursos adequados onde estávamos hospedados para tomar banho, diariamente nos dirigíamos ao rio para um mergulho. Numa destas ocasiões, um irmão teve cãibra numa perna, e vi que ia afundar-se. Fiz sinal para que outro irmão, exímio nadador, se apressasse a socorrê-lo. Fiquei perplexo ao ver que este não se mexeu, e gritei no meu desespero: "Não vê que o homem está se afundando? " E os demais irmãos em volta, tão agitados como eu, também gritavam vigorosamente. Nosso bom nadador, porém, ainda nem se mexeu, como se fosse adiar ou recusar a desagradável missão. Nesse ínterim, a voz do pobre irmão que se afogava, foi se enfraquecendo, e os seus esforços foram ficando mais débeis. No meu coração disse: "Odeio este homem! Deixa um irmão afogar-se perante os seus olhos, sem ir em seu auxílio!"

Quando, porém, o homem estava realmente se afundando, o nadador, com poucas e rápidas braçadas, encontrava-se ao seu lado, e ambos chegaram a salvo à margem. Na primeira oportunidade, dei a minha opinião: "Nunca vi qualquer cristão que amasse a sua vida tanto como você! Pense, quanta aflição você poderia ter poupado àquele irmão se tivesse considerado um pouco menos a sua própria pessoa, e pensado um pouco mais nele?". O nadador, porém, conhecia o seu trabalho melhor do que eu. "Se eu tivesse ido mais cedo", respondeu, "ele ter-me-ia agarrado tão fortemente que ambos nos teríamos afundado. Quando um homem está se afogando, não pode ser salvo até que fique completamente exausto e deixe de fazer o mínimo esforço para se salvar".

Você percebe? Quando nós abandonamos o caso, Deus passa a Se encarregar dele. Fica esperando até que os nossos recursos se esgotem e nada possamos fazer por nós próprios. Deus condenou tudo o que é da velha criação e consignou-o à Cruz. A carne de nada aproveita. Qualquer tentativa de fazer algo na carne é virtualmente um repúdio à Cruz de Cristo. Deus nos declarou aptos apenas para a morte. Quando realmente cremos nisto, confirmamos o veredito de Deus, abandonando todos os nossos esforços carnais no sentido de agradar-Lhe. Os nossos esforços neste sentido procuram negar a Sua declaração, na Cruz, da nossa absoluta inutilidade. Se continuarmos nos nossos esforços próprios, demonstraremos que não entendemos devidamente nem o que Deus exige de nós, nem a origem do poder para cumprir as exigências.


Autor: Watchman Nee
Fonte: Retirado do livro "A Vida Cristã Normal"


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