O ser humano, em geral, é muito criativo e produtivo, mas também é altamente destrutivo. Tudo depende da oportunidade, da época, das influências e logicamente da vontade de cada um.

Em nossas igrejas atualmente impera a modernidade aproveitando o inegável avanço da tecnologia. Tudo é moderno, prático e cômodo dentro do contexto, para facilitar e até para economizar espaço usando a logística e o "bom gosto".

Em função desta modernidade, hoje muitas pessoas não levam mais a Bíblia à igreja, também não levam o seu hinário, e creio que dentro de pouco tempo também não vão levar dinheiro, pois a moda hoje é usar apenas o cartão. Hoje somos uma espécie de "crentes virtuais". Quando alguém aparece na igreja trajado à moda antiga, geralmente atrai olhares e provoca admiração. Os crentes mais antigos se sentem deslocados, envergonhados e fora do contexto.

Sem dúvida, o que sofreu mais alteração com todas essas mudanças foram os nossos hinos. Ninguém mais quer cantar os hinos antigos que para muitos são ultrapassados, velhos e devem ser descartados. A maioria dos crentes abandonou o velho e saudável costume de louvar a Deus. Em muitas de nossas igrejas não se canta mais os hinos da Harpa Cristã, e quando alguém se arrisca a canta-los "com a igreja" acaba cantando sozinho. Que pobreza! O louvor a Deus é tão importante que o maior livro da Bíblia é o livro de Salmos, com 150 louvores. Sem louvar a Deus, estamos nos perdendo na bruma do comodismo e estamos ficando para trás.

Com toda essa deficiência, nós ainda batemos no peito e nos orgulhamos de nossa fé e de nossa crença. Gostamos de estatísticas e sempre dizemos que somos mais de 40 milhões de crentes no Brasil. No papel tudo fica bonito, colorido e atraente. Porém quando entramos na igreja, o que fazemos? Em geral, bem ou mal assistimos o culto. E depois saimos satisfeitos elogiando a mensagem e o pregador. As música cantadas foram agradáveis, melodiosas e terapêuticas. Pude rever muitos amigos e no final entrei na fila e cumprimentei o pastor. Estou satisfeito. Semana que vem tem mais.

É assim que acontece. Não preciso fazer mais nada, a tecnologia faz tudo por mim. Para que levar a Bíblia na igreja? Eu não vou ler, não vou pregar e se tiver que falar algumas palavras, falo de improviso. Cantar? Lá tem os cantores da igreja, os levitas, o grupo de louvor; eles cantam por mim. Vou apenas ouvir e depois bater palmas (se eles cantarem bem) e vou dizer que estou batendo palmas para Jesus. Afinal, hoje virou moda "dar uma salva de palmas para Jesus" - como se Ele estivesse interessado em nossos aplausos. E se eu não bater palmas, alguém vai perceber e até vai dizer que eu não gostei e sou um rebelde que nunca obedece ao pastor.

A nossa igreja é assim, e deverá sofrer ainda muitas mudanças com o passar do tempo, de acordo com as supostas necessidades. Estamos fazendo como o povo judeu que em certas ocasiões abandonava a forma de adorar a Deus e "inventava" a sua forma particular de culto. Criava regras, mudava a sua liturgia e imitava as nações vizinhas inclusive fazendo e adorando ídolos. O resultado dessa mudança todos nós sabemos - e a consequencia não era nada agradável. Eu sei que essas palavras aqui escritas provavelmente não vão surtir nenhum efeito e poderão até ser motivo de chacota, zombaria ou ironia, mas vejo como uma necessidade de alertar a todos, e a mim primeiramente. A Bíblia diz: "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará". (Gálatas 6.7). Nunca é tarde para voltar ao primeiro amor.

Autor: Cícero Alvernaz
Fonte: Editora Ultimato


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